terça-feira, 14 de junho de 2011

Graça Barata

Um dia um amigo de ministério me contou uma história que seria cômica se não fosse trágica.

Em um dos cultos de oração em uma igreja, uma mulher foi à frente pedindo oração pelo seu relacionamento. O pastor perguntou para ser mais específica, ao que ela disparou:

- O meu namorado é casado e agora que eu aceitei Jesus quero dar um jeito em minha vida, então disse a ele que agora teria que decidir nossa vida.

Traduzindo; a mulher queria que o homem decidisse de uma vez se iria ficar com ela ou com a sua família.

Um outro pastor me disse que teve que chamar um casal de namorados em seu gabinete pois escancaradamente diziam que tinha relacionamento sexual, e se justificavam dizendo que se Deus é amor o sexo não seria errado se feito com amor.

Infelizmente casos como estes não são tão incomuns dentro das igrejas hoje em dia. Pessoas que entendem que precisam de uma “melhora de vida” e não uma “mudança de vida”.

Diante desta constatação entendo que o nosso conceito de Salvação tem sido esvaziado dia-a-dia pela ênfase mercantilista e homocêntrica de alguma igrejas evangélicas, cuja idéia é a de que salvação é uma melhora de vida, i.e, a salvação traz a mudança financeira da minha vida, uma carro novo, um emprego que irá me pagar mais e assim por diante.

Um fator sine qua non para a salvação é o arrependimento, e arrependimento tem a ver com reconhecer seu estado de miséria e total desprovimento de direito e rendição total a Deus.

O tema do primeiro sermão de Jesus foi arrependimento; “Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.” Mateus 4:17

Eu não julgo a namorada do homem casado nem o casal de namorados, mas não posso deixar de criticar nossa omissão como igreja do verdadeiro evangelho e da verdade genuína.

Pregamos um evangelho de “auto-ajuda” mas nos esquecemos que “auto” ajuda não é compatível com salvação que é graça imerecida, não vem de nós é dom de Deus.

Creio que a pergunta que temos que responder como igreja hoje é; queremos em nossos bancos pessoas que sejam bem sucedidas na vida ou queremos gente salva?

Não há problema nenhum quando as duas coisas andam juntas; o ser bem sucedido e o ser salvo; o nó acontece quando o ser bem sucedido exclui a salvação.

Não é porque sou bem sucedido que sou salvo. Poderia citar uma centena de pessoas bem sucedidas que não sabe nem mesmo quem é Jesus Cristo.

Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade. Mateus 7:22-23

Me preocupa muito o conceito de salvação e arrependimento que temos pregado em nossos púlpitos.

Em seu livro “Discipulado”, Dietrich Bonhoeffer escreve:

Graça barata significa justificação do pecado, e não do pecador. Como a graça faz tudo sozinha, tudo também pode permanecer como antes. “Afinal, a minha força nada faz”. (…..) Viva, pois, o crente como vive o mundo, coloque-se, em tudo, em pé de igualdade com o mundo, e não se atreva – sob pena de ser acusado de heresia entusiasta! – a ter, sob a graça, uma vida diferente da que tinha sob o pecado”

Entendemos que o preço da nossa salvação foi muito caro e não podemos negociar este preço de maneira alguma.

Não podemos aceitar uma graça barata pois o preço pago por Ele foi muito alto.



Mensagem do Pr Armando Junior

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